Dois elementos plásticos assinalam um lugar na paisagem
Dois signos de ressonância profunda:
Um, a cobertura curva – Abrigo do Homem
Outro, a Cruz de Cristo
Acrescentam-se à paisagem.
Essa delicada relação gera um espaço na paisagem de beira lago – um vazio que desenha o pequeno templo.
Configura-se, entre o abrigo e a cruz, a fluida sucessão espacial que sugere o programa litúrgico da capela – o átrio, o batistério, a nave inclinada, o altar e a abside que se confunde com o lago.
O espaço da capela é o espaço da natureza!
E esse lugar definido pelos elementos plásticos do desenho da pequena igreja se integra à paisagem natural sem limites, sem muros.
A arquitetura quase imaterial deste pequeno templo assume um caráter transcendente, atemporal, que remete à meditação da plenitude de Deus e da Natureza.
A pequena capela assume a dimensão de uma catedral definida pelas montanhas do vale.
As árvores tornam-se elementos iconográficos do templo assim desenhado.
Os pássaros constituem-se protagonistas do espetáculo sempre renovado e mutável da natureza.
O espaço do culto abrange, assim, o espaço do Universo.
A essencialidade da arquitetura desta capela nos infunde, nos momentos de fruição e meditação, a verdadeira dimensão do Homem no Mundo, inspirada na extrema essencialidade humana de São Francisco de Assis na forma como revelou aos homens a mensagem de Cristo.
- Texto: Arquiteto Decio Tozzi